01/12/08

OS POETAS DAS "QUINTAS"/ NUNO MOURA

DESEMPREGO

Ele mesmo se fecha a quem mais é,
corre a queimar água na pele.
Acumula alívios nos olhos, com a boca
no trinco espalha correntes na memória e rolos
nas brechas do vento.
Ri ao lado, rasgado como a dívida do céu,
de braços atrelados em cabides, com vigília
de alfinetes no remorso.
Por dentro encera-se, esperando que
o rebentar da porta lhe permita uma nova tarefa.

(Nuno Moura, in "Soluções do problema anterior")

Sem comentários: