MALHA MORTA
é segunda faço sopa
é terça mudo de roupa
não sei se mudo de pele
quando à quarta vou com ele
se à quinta corto as veias
à sexta estou sem ideias
sábado levanto e calo
domingo acordo e falo, sempre com algum atraso
é tarde no meu buraco
faço de conta que esqueço
aquilo que não mereço
sinto-me tal qual
uma velha canção
sinto-me tal qual
um refrão que odiei
à segunda aperto o laço
do garrote que a mim faço
à terça espero que passe
à quarta uso disfarce
na quinta ponho um vestido
à sexta perco o sentido
a dias me sinto suja
o que lavo vira negro
não sei porque continuo
esta malha em segredo
faço de conta que esqueço
aquilo que não conheço
sinto-me mal qual
uma velha canção
sinto-me mal qual refrão que odiei
(Ana Deus - poema inédito)
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