03/12/08

OS POETAS DAS "QUINTAS"/ MARIA ANDRESEN

AINDA a ALEGRIA

Que ficassem a uma distância
em que não visse
os dentes quando riem
esse riso: a pele que gera o germe
e sua multiplicação:
- eu sei que o tempo avança
a contaminação ramificada
de corpo-a-corpo
pouco já serei gente, apenas
o medo e seus cercados
apenas aquela crueza
como só na infância
apenas não quero ver, de outrora
o azul já comido pelas traças -

no avesso do «branco», do «exacto»:
a avidez
um obstinado nojo que preserva
das Fúrias a alegria

(Maria Andresen, in "Lugares")

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