30/05/08

Pedro Tochas continua com «menos graça»



Notícias dos jornais de ontem. Jornal de Notícias e Destak.
(para ler clicar sobre as imagens)

BIFE PICADO - AMOR RASGADO

Outro poema de Sophia:

TERROR DE TE AMAR

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

29/05/08

BIFE PICADO - MINISTRO TEMPERADO

Joaquim Castro Caldas, outro dos poetas lidos em "Bife Picado".

REQUIEM

a vagina ladrando
a um pénis murcho
é o missil falhando
o buraco do ozono

(in "Só cá vim ver o sol", Joaquim Castro Caldas, Edições Quasi)

28/05/08

BIFE PICADO - FOGO NO RABO

Outra vez o poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues:

Agora que a juventude
me anda a ir embora pelos olhos
não há sexo, não há, como é que se diz,
ternura, não é?, que valha os braços
as clavículas
a alegria das raparigas.

(in "Dióspiro", Edições Quasi)

27/05/08

BIFE PICADO - PROCISSÃO NO ADRO

Um belo poema de Sophia, outra das poetas que será lida na sessão:


Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

( Sophia de Mello Breyner Andresen)

26/05/08


No suplementos Das Artes e das Letras de hoje, no jornal O Primeiro de Janeiro.
(para ler clicar sobre a imagem.)

BIFE PICADO - NEVE NO TELHADO

Um poema de Filipa Leal, outra das nossas poetas convidadas.

O MEDO

Não tenho o hábito dos cafés, nunca tive,
mas aquele ficara-me de um livro de Al Berto.

Eu falava do medo, não do medo de Al Berto,
do meu, e a minha amiga dizia-me qualquer coisa
amiga. Falávamos de amor, e ela talvez me dissesse
para não ter medo do medo de Al Berto
nem do meu.

Confesso: de tudo o que me disse a minha amiga,
ficou-me apenas a palavra
granito.

(in "O Problema De Ser Norte", Filipa Leal, Deriva Editores)

23/05/08

BIFE PICADO - JANTAR REGADO

Um poema, quase normal, de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, um dos poetas convidados de "Bife Picado":

ABORDAGEM

Sejamos modernos, sejamos radicais.
Como bem sabes não somos eternos.
E além do mais eu não digo nada aos teus pais.

(in "Dióspiro", Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Edições Quasi)

21/05/08

A NOSSA MUÑECA PREFERIDA


A Gina é a mascote da "Caixa Geral de Despojos". Nasceu em Matanzas (Cuba) e foi trazida pelo Isaque Ferreira para Portugal. Parece que vai viver com ele, na Póvoa, às escondidas do SEF. Nós estamos todos muito apaixonados por ela e não deixaremos que lhe façam mal. Está a estudar línguas na "Independente" e, lá mais para o Verão, estamos certos, abraçará a pasta das finanças.


Este poema da Adília Lopes é para ti, Gina:

La vida es sueño

Deste-me o sono

e os sonhos

de que preciso

para sobreviver

quando me abraçaste

quando eu te abracei

o mundo mudou

os sonhos são sonhos

mas há sonhos

que são verdade

(é um auto bíblico)

sueños hay que verdad son

estou-te muito agradecida

graças a ti acredito

na coroa da Polónia


BIFE PICADO - SEXO NO CHIADO

Dois anos depois, a "Caixa Geral de Despojos" volta às "Quintas". Iniciamos hoje a publicação de textos dos poetas seleccionados para o recital "Bife Picado". Alguns deles serão lidos na sessão.

CANTIGA ESPERANDO

III

Enquanto te espero
planto as vinhas,
e nas cinco madrugadas
dos cinco dias em que semeio a seara,
ocultarei todas as estrelas
sobre a nossa cama.
No entremeio
cruzo os meus sonhos com as pessoas
que assomarem às janelas
e juntos inventaremos a nova rosa-dos-ventos:
a vinha, a noite, o templo,
a criança e a muralha,
a sede, o suor, a seara,
a Palavra

(in "Diário Flagrante", Fernando Alves dos Santos, Assírio & Alvim)

19/05/08

10.000 VISITANTES

Estamos felizes e um pouco orgulhosos. O blogue das "Quintas" atingiu as 10.000 visitas. Isto tudo, num país à beira-mar encalhado, que dedica mais atenção aos novíssimos seios da Luciana Abreu do que aos novíssimos talentos da literatura portuguesa.
Gostamos de si e queremos que continue a navegar ao nosso lado, na procura do Caminho do Amor, da Liberdade e do Futuro. Contamos consigo para novas aventuras poéticas. Neste mês florido de Maio, queremos tudo, já!

PARA TI MEU AMOR

Fui à feira dos pássaros
E comprei pássaros
Para ti
meu amor
Fui à feira das flores
E comprei flores
Para ti
meu amor
Fui à feira da sucata
E comprei correntes
Pesadas correntes
Para ti
meu amor
E depois fui à feira dos escravos
E procurei-te
Mas não te encontrei
meu amor

("Paroles", Jacques Prévert)

16/05/08

O Poeta Nu




"Performance Líquida" de Margarida Mestre





"LAISSERVENIR" de Élèonore Didier






Nuno Artur Silva e Jorge Sousa Braga







Sandra Salomé e Filipa Leal (leituras)




Pedro Lamares e Sofia Grillo (leituras)



Mazgani (concerto a solo)



fotografias de Pat

14/05/08



Notícias publicadas hoje no Jornal de Notícias e no Global Notícias.

A FERIDA ABERTA

Há uma ferida aberta que
sangra ciclicamente um

cíclame que floresce às
horas mais inapropriadas

Quem me dera poder guardar
todos esses milhões de flores

que acabam diariamente em
pensos higiénicos nos contentores

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

13/05/08

AUTOBIOGRAFIA

A sua paixão eram as rosas. Durante anos dedicara-se a estranhos cruzamentos. Perseguia uma rosa negra.

Um dia devido a um acidente ficou cego. Finalmente o seu universo era uma imensa rosa negra.

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

12/05/08


Notícia publicada hoje no suplemento do jornal O Primeiro de Janeiro, das Artes e das Letras.
(para ler clicar sobre a notícia)

VIA LÁCTEA

Segundo dados da Organização Mundial
de Saúde praticam-se diariamente

Cem milhões de cópulas em todo
o mundo das quais resultam

mais ou menos trezentos mil
litros de esperma isto sem

contar com o produto das actividades
solitárias e das poluções nocturnas

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

09/05/08

Jorge Sousa Braga e Mazgani


"O Poeta Nu", um livro fascinante de Jorge Sousa Braga, dá nome à próxima sessão e marca o regresso do Poeta às "Quintas de Leitura", dezoito meses depois.

O evento realiza-se no dia 15 de Maio, pelas 22H00, no Café-Teatro do TCA.

Jorge Sousa Braga será apresentado por Nuno Artur Silva, fundador e director geral das "Produções Fictícias".

Separadas e ao vivo, anunciam-se as presenças das performers Margarida Mestre e Élèonore Didier que apresentarão, respectivamente, as peças "Performance líquida" e "Laisservenir", ambas encomendadas pelo TCA para este espectáculo.

As leituras de "O Poeta Nu" estarão a cargo da poeta Filipa Leal e dos actores Pedro Lamares, Sandra Salomé e Sofia Grillo. António Durães dará voz ao vídeo-poema "Portugal", trabalho também da responsabilidade de Pedro Guimarães (imagem) e Paulo Sousa (som).

Tudo isto, sob o olhar perspicaz e sensível do fotógrafo Renato Roque.

Por fim, o sempre tão esperado momento musical. Desta feita, o convidado é o cantor Mazgani (voz e guitarras), justamente considerado pela revista francesa "Les inrockuptibles" como um dos vinte novos artistas mais promissores da Europa. Ao ouvirmos "Song of the New Heart" damos por nós a ouvir na voz e no som de guitarra de Mazgani influências tão díspares como Leonard Cohen, Tom Waits e Echo & the Bunnymen.

De que mais argumentos precisa para se juntar a nós na noite de 15 de Maio? - Espera-o a magia da Palavra de Jorge Sousa Braga e a alma dos seus numerosos convidados.

(fotografia acima - Ninho de melro de Renato Roque)

Mazgani - Bring Your Love

MIMOSAS

Todos os anos na mesma altura
a montanha veste o mesmo vestido amarelo
para ver se ainda lhe serve na cintura

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

08/05/08

ALENTEJO

Papoilas vermelhas -
agora ninguém pode tocar
na planície


Cansado de devorar paisagens
o girassol mostra agora
os dentes podres

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

07/05/08

LADAINHA

Concha perfumada
Pórtico real
Princesa das flores
Porta misteriosa
Pérola vermelha
Coração de peónia
Pegada de gazela
Pórtico de jade
Palácio de púrpura
Delta negro
Pote de mel
Botão de lótus
Gruta de canela
Porta alada
Flor da lua

Rogai por nós

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

06/05/08

Apresentação de "Arquivo de Nuvens" de Marta Bernardes em Madrid


"SI UN DIA_DIA EL ECO-ECO SE VOLVIESE_VIESE AUTONOMO_TONOMO Y SE LIBERTASE_TASE , DIRIA_RIA: ME SIENTO SOLO-SOLO."

In" Archivo de nubes"



LIBRERIA RAFAEL ALBERTI,
Calle Tutor,57
Metro: Moncloa, Madrid
DIA 8 DE MAIO
19:30


Presentación del libro de Marta Bernardes.

"EN LA ENCRUCIJADA DEL MEJOR PESSOA (ALVARO DE CAMPOS) Y UNA TRADICIÓN POÉTICA QUE SE APARTÓ DEL SURREALISMO PARA VIVIR LOS EFECTOS DE LO REAL EN LAVIDA, MARTA BERNARDES APARECE COMO UNA VOZ POLIFONICA BIEN SITUADA. ES PLASTICA . ES DRAMÁTICA. ES CANTANTE.
ES PLÁSTICA PORQUE APURA Y DILATA LA DISTANCIA QUE HAY ENTRE LA IMÁGENES Y LAS COSAS, SOBRE TODO EL MOMENTO EN QUE AQUELLAS SUPLANTAN A ESTAS.
ES DRAMÁTICA PORQUE SU DRAMA EN TIEMPO RECOGE LOS INTERVALOS MENUDOS DE LO COTIDIANO Y TAMBIÉN LAS FRACTURAS DE LOS GRANDES MOMENTOS EPOCALES.
ES CANTANTE PORQUE SOBRE TODO ES UN REGISTRO SONORO QUE SE BIFURCA ENTRE LA SIBILACIÓN OPACA DEL PORTUGUÉS DE OPORTO Y UN CASTELLANO CANTARÍN QUE INCURRE A VECES EN ERRORES QUE SON HALLAZGOS FECUNDOS POR IMPREVISTOS.
PERO ES ESAS TRES COSAS PORQUE A LA VEZ SABE PINTAR, CONOCE EL TEATRO COMO ACTRIZ Y COREÓGRAFA Y ES CAPAZ DE INTERPRETAR CON SU VOZ UN AMPLIO REPERTORIO LIRICO
SOLO TIENE EL LIMITE DE SU JUVENTUD. PERO ESO ES PORQUE ELLA LO APARENTA
LA PRUEBA ES QUE COMETE VERSOS CON LA VIDA VIVIDA DE UN HOOMBRE DE SETENTA AÑOS, O UN CANTAUTOR DE CINCUENTA, O DE UNA NIÑA DE DOCE, O DE UN NIÑO SALTARÍN QUE SE DISFRAZA DE UNA CHICA QUE SE EMPEÑA EN HACERNOS CREER QUE PUEDE SER VISTA COMO LA "MONICA NARANJO PORTUGUESA"
UN SINFIN DE JUEGOS Y DE HALLAZGOS
UN COMPROMISO CON LAS VOCES DE LAS COSAS (COMO RAMÓN) Y LAS COSAS DE LAS VOCES (COMO BARTHES)
UN PULSO POÉTICO AFINADÍSIMO QUE NO SE DA MUCHA IMPORTANCIA
QUE ESPERA QUE SE APAREZCA EL DUENDE, EL VERBO DEL OTRO LADO, PARA TRATARLO DE TÚ"

MIGUEL MARINAS

FOZ

Com água no bico
aves marinhas combatem
o incêndio do crepúsculo


Sete da manhã
O sol acorda
com olheiras enormes

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

05/05/08

CANÇÃO

Este esperma é puro
como a água de um iceberg

Colhido por masturbação
centrifugado capacitado...

Bebe deste esperma simples
ou com gelo e limão

Só assim conseguirás
a redenção

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)

02/05/08

Restam poucos bilhetes para venda


LIXEIRO

Pendurado num camião do
lixo atravessas a cidade

de bairro em bairro de rua
em rua de beco em beco

com as luvas de protecção e
o colete fluorescente. Conheces

como ninguém o cheiro
a azedo e a vomitado...

Não te surpreendas se um dia
destes descobrires um coração

ainda a sangrar embrulhado
num saco de supermercado

(in "O Poeta Nu", Jorge Sousa Braga)