31/07/07

Regressamos a 27 de Agosto

(João Gesta por PAT)

As Quintas de Leitura numa pausa de preparação para a grande viagem a caminho da Zambujeira do Mar.
Todos os detalhes sobre as sessões que reiniciam em Setembro estão aqui.
Prazeres líquidos.
(nota: comentários e emails enviados durante este período serão publicados a 27 de Agosto, data de regresso deste blogue.)

Férias com um cheirinho a regresso




Fotografia de Mafalda Capela para a sessão «A cidade líquida» sobre a obra de Filipa Leal.




Imagem de um desenho de Diogo Vaz a propósito da poesia de Maria Andresen.

Pedro Tochas por Raquel Viegas . A nova comédia portuguesa à solta.



Imagem de uma pintura de Isabel Lhano que se cruzará com a poesia de Nuno Júdice.




Fotografia de Telmo Sá sobre peça «Arremesso» de Marta Bernardes, em estreia literária nos Cadernos do Campo Alegre - «Arquivo de Nuvens».


30/07/07

O MAIS BELO POEMA DE AMOR PARA OS NOSSOS CÚMPLICES


Vamos de férias. Obrigado a todos os "sonhadores" que, mês a mês, poeta a poeta, vão alimentando este ciclo. Gostaríamos que ficassem com um dos mais belos momentos da poesia de Nuno Júdice, o nosso convidado de Novembro. No início de Setembro cá estaremos para novas aventuras poéticas.

ATÉ AO FIM

Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.

Nuno Júdice / "Pedro, Lembrando Inês", Publicações Dom Quixote
Imagem: pintura de Isabel Lhano.

25/07/07

A FESTA QUE SE SEGUE

(Filipa Leal por Mafalda Capela)

A sessão chama-se "A Cidade Líquida". Incidirá sobre a obra de uma das vozes mais importantes da novíssima poesia portuguesa - a poeta Filipa Leal.

"ODE LOUCA" é um dos poemas mais belos do seu mais recente livro:

Todos os homens têm o seu rio.
Lamentam-no sentados no interior das casas
de interior e como o poeta que escreve a lápis
apagam a memória com a sua água.
Os rios abandonam os homens que envelhecem
longe da infância, e eles choram
o reflexo absurdo na distância.
Por vezes, enlouquecem os rios, os homens,
os poetas nas palavras repetidas
que buscam uma ode que lhes diga
a textura. Todos procuram o mesmo:
um lugar de água mais limpa
ou um espelho que não lhes negue
a hipótese do reflexo.
O rio sofre mais do que o homem,
o poeta,
porque dele se espera que nos devolva
a imagem de tudo, menos de si próprio.
Todos os rios têm o seu narciso,
mas poucos, muito poucos,
o simples reflexo das suas águas.

(in "A cidade líquida e outras texturas"/editora Deriva)

23/07/07

TEMPO DE BALANÇO

As "Quintas" estão quase a ir de férias. Regressam no dia 27 de Setembro com uma sessão intitulada "A Cidade Líquida", dedicada à obra da poeta Filipa Leal.

Fazemos, agora, o balanço da nossa acção poética nos primeiros sete meses do ano.
A saber:

9 espectáculos (dos quais 8 esgotados)
14 sessões (12 esgotadas)
74 artistas convidados
1828 espectadores
98,65% taxa de ocupação de salas

Quintas de Leitura: continuamos a acreditar que SONHAR é preciso.

13/07/07

Pedido do Poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues ao Doutor Rui Rio

(Tino Pereira ao volante do De Tomaso Pantera
foto: Automundo - colecção Rui Quéirós - na sportscarportugal.com.sapo.pt)

Doutor Rui Rio, localize, por favor
o antigo carro de corrida De Tomaso Pantera,
que correu em Portugal de 1976 a 1983,
e faça-o alinhar no Circuito de Clássicos da Boavista.

Falando agora mais em geral: na minha opinião
o veículo que em Portugal
melhor interpretou o espírito do automobilismo
foi aquele De Tomaso Pantera GTS.
Este automóvel de competição – igualmente com
especificações para estrada – animou, nos primeiros
anos da década de 70, as corridas de Grande Turismo
por todo esse mundo. Formava grelhas de partida
com os Ferrari (Daytona) 365 GTB 4, com os
Porsche 911 S e os Chevrolet Corvette.

Um destes De Tomaso Pantera correu em Portugal
em todos os circuitos e em todas as rampas de montanha
desde o início de 1976 até ao final de 1983,
quando viu, então, chegar ao fim a homologação desportiva
que o permitia entrar em competição.

Pelas suas características, únicas em Portugal,
de carro italiano de Grande Turismo,
alinhando, com absoluta regularidade,
em provas de velocidade, pelo implícito que
isso tem de “carro solitário”, pela beleza das linhas,
por ter participado galharda e desportivamente,
já na década de 80, com automóveis mais novos,
e alguns deles (pela evolução da tecnologia)
bem mais potentes e mises au point – é aquele De Tomaso Pantera
o veículo, na minha opinião, e como já disse, que melhor
soube interpretar o espírito do automobilismo em Portugal.
Já agora referir quem sempre o conduziu: Tino (Celestino) Pereira.

Tasquinhas de Vila do Conde,
casas-de-pasto de Vila Real,
viagens ao Estoril,
calor e frio das Montanhas por onde os carros sobem as Rampas;
estais em mim, estais na minha poesia,
estais na minha memória. Sabeis bem que encontro Poesia
no Vago e no Afastamento, mas que também encontro
a Poesia em vós, Momentos Reais, Vida, Entusiasmos, Recordações.

Daniel Augusto Maia-Pinto Rodrigues, quarenta e poucos anos, um fã de automobilismo.

(poema do livro «Dióspiro» - 30 anos de poesia - de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, recentemente lançado no ciclo Quintas de Leitura).

Os Clássicos na Actualidade

12/07/07

Galicia Hoxe

(para ler clicar sobre a imagem).
No Domingo seguinte à sessão de Quintas de Leitura «Dióspiro», na qual participou a poeta e perfomer Yolanda Castaño, o "único diario en galego" Galicia Hoxe publicava, na última página, a crónica de Yolanda: "Cousas boas".
Sobre a sua participação nas Quintas, Yolanda escreve:
M.04 Campo Alegre e X.05 Espectáculo poético.

09/07/07

Foi um belíssimo Dióspiro...






Antes da entrada em cena. Incluindo uma cadeira com asas, para receber Daniel Maia-Pinto Rodrigues.




A poeta e performer galega Yolanda Castaño.

Daniel Maia-Pinto e Filipa Leal.

A bailarina russa ...



A voz e a música dos austríacos Agnes Heginger e Georg Breinschmid.
(fotos de Hugo Valter Moutinho)

06/07/07

AS "QUINTAS DE LEITURA" VISTAS POR DANIEL MAIA-PINTO RODRIGUES


No seu novo livro "Dióspiro", o poeta Daniel Maia-Pinto Rodrigues escreveu um poema intitulado "Quintas de Leitura".


O livro reune trinta anos (1977-2007) de poesia de Daniel e foi ontem lançado solenemente no Teatro do Campo Alegre do Porto, numa sessão vibrante e esgotada.

QUINTAS DE LEITURA

Senhoras, sobretudo
se de sobretudo estão os homens
é aqui, senhoras
nas Quintas de Leitura
do Teatro do Campo Alegre
que encontrais a ternura
que encontrais a febre.

Aqui, nos recitais, já vimos Ana Deus
tirar da voz jardins de maravilhas, Rui
Reininho lançar ao público perfumes de alecrim -
Isaque Ferreira com palavras descobriu ilhas!
Aqui, recitou-se no mais puro latim
a épica fala do Pilatos ao Herodes:
"tu vê lá o que é que decides, vê lá se não me
lixas; não me deixes ficar mal nas odes!"
Pois bem, senhoras... nas quintas de leitura
leram-se as odes de Pilatos...
e leram-se os pilotos do futuro em sonetos
revisitou-se em imagens o Irão e o Iraque
só lamento que nos saraus em duetos
me caiba em sorte precisamente o Isaque.

Senhoras, sobretudo
é nas Quintas de Leitura
do Teatro do Campo Alegre
que encontrais a ternura
que encontrais a febre.