Faltam-lhe três ou quatro anos
para morrer. Mas quem pode adivinhá-lo,
de tão novo? O engraxador do largo
passa em direcção ao Excelsior.
É sexta-feira, dia de cruzes
no totobola. O café dos anos vinte
morrerá um pouco antes.
A Drogaria da Praça, quartel-general
aos sábados, morrerá pouco depois.
Mas ninguém o sabe ainda,
nesta manhã de Setembro. Só por isso
vale a pena arriscar um pouco a sorte,
preencher devagar o boletim.
Diz-se que há sempre uma hipótese.
É assim que o sistema funciona. Mas
para onde foge o tempo?
Para onde vai tanta força?
Restos de grandes fogueiras.
É para isso que as pessoas vivem.
(Vítor Nogueira, in "Comércio Tradicional"/Averno)
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