Passavas os dedos de leve
pelos espinhos dos cactos
depois pela suavidade das faces,
a blandícia descias aos braços
ao beiral da janela
aquecido pelas tardes de março.
Havia certamente borboletas azuis
esvoaçando o castanho das planícies,
ágeis animais percorrendo a luz
desdobrada dos olhos da tua janela.
Havia sobretudo tempo
para olhares as borboletas,
havia sobretudo espaço
para se estenderem as planícies.
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Descem pelas colinas os animais que sonhas.
São grandes ruminantes fulvos
e descem cheios de sol
sobre as relvas.
Ao vento erguem e à claridade as cabeças.
Dir-se-ia serenos compreenderem muito bem
o céu pintado de azul e água.
Depois seguem. Descem mais.
Devagar chegam aos charcos
bebem
saboreiam uvas
deitam-se
certos de que os vais achar belos
e perfeitamente integrados na paisagem.
(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, "Dióspiro"/ Quasi Edições)
1 comentário:
Genial! Muito bom mesmo!
Parabéns pelo blog!!
Abraço,
Rafael
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