05/02/09

O LADO MAIS NOSTÁLGICO DA POESIA DE DANIEL

O silêncio na lezíria.
O sossego claro
das tardes de setembro.

Ouve-se
entre os álamos
o espanto dos cavalos.

Célere azul das aves.
Garços olhos de cisne
repousando na distância.

Da luz diáfana oiço o filho
"aqui, pai, neste laranjal"
oferecendo grandes gomos
à parada claridade.

x

Entendem as folhas
a rapidez
com que se desprendem dos ramos.
Entendem as asas
a debilidade dos pássaros.

Acima de tudo
o que interessa a novembro
é as crianças poderem dizer
está vento
é sentirem-no arrebatar-lhes os cabelos
engolfar-se nos gorros
misturar-se na roupa quente.

Há uma criança na escola
que através dos vidros vê novembro -
e a meia-distância
ao lado do novembro
vê o anjo da guarda
a atirar pedras
lentamente contra a luz.

(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, "Dióspiro"/ Quasi Edições)

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