Continuamos hoje a divulgar os poemas de Daniel Maia-Pinto Rodrigues que serão lidos na sessão "O Acervo da Quietude".
Descanso ao longe próximo das lagoas.
O vento passando assim
dos eucaliptos próximo.
Escurece. Que horas serão na aldeia?
Mergulho os braços nas águas.
As aves entrecruzam-se. Afastam-se
e o silêncio poisa escuro
nas águas.
Oiço por instantes o vento. Revejo
a lua nas lagoas.
Alguém neste momento encara a noite
sente o frio
acende num gesto branco
a tocha antiga.
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À noite
à ilharga do tempo
de mãos separadas
olhamos as estrelas.
Perdeste o isqueiro
e estás perturbada.
Tens razão:
deixaste para trás
um qualquer pertence
da realidade.
Hesitas se hás-de regressar
ao seu encontro
mas talvez te percas
exactamente aí
ao regressares.
Olha melhor as estrelas
é noite
e estamos à ilharga do tempo.
(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, "Dióspiro"/ Quasi Edições)
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