Mergulho nas profundidades do sono
e no escuro oiço as aves na claridade -
são tranças, tropéis de sonoridades a gotejar em leque
na amplitude de recônditos espelhos
da obscuridade guardiã dos aposentos,
reflectindo na minha face as cores novas do arco-íris.
E não são sonhos, cornucópias de fantasia,
nem o vento a norte da imaginação;
são sim envidraçadas portas abertas
quais projecções lilás na melodia do jardim
onde por vezes pela mão do fim da tarde,
difuso, potente berlinde, me encontro a mim.
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Anoitece na aldeia
e numa animação de fábula
as pessoas recolhem às casas.
Das chaminés, pelos telhados
o fumo já faz parte da noite.
O amarelo das janelas
pontilha o preto.
O vento perdeu-se no bosque
e as crianças, nos cobertores
usufruem do medo.
Pelas imediações da aldeia
os lobos aproximam-se da realidade.
(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, "Dióspiro"/ Quasi Edições)
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