OS LIVROS
em cada página, o teu olhar. em cada montanha,
a tua voz. deixa-me falar contigo. lembro-me
tão bem de tudo o que me disseste.
as palavras existem. eu quero encontrar-te
sempre, em cada noite, sobre a mesa de papéis
desarrumados onde desarrumo a nossa vida.
em cada página, os campos. em cada montanha,
tu a chamares-me. as páginas são, outra vez,
o dia em que nasci. lembro-me tão bem de tudo.
passam anos sobre as palavras. os dias existem.
seguro os livros como se segurasse a tua voz
e, quando alguém diz o teu nome, eu continuo a responder.
(JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in "A Casa, a Escuridão"/ Temas e Debates)
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