Na cidade, os que não viam
perguntavam: "Estás aí?"
mesmo quando não falavam
ao telefone.
E tudo era pausa
sem a nítida respiração
das coisas.
Tudo era ainda
à espera da voz, do som
natural ou improvável.
Tudo era antes de ser.
Havia também os que viam.
Mas esses, tragicamente,
perguntavam menos.
(Filipa Leal, in "A Cidade Líquida e Outras Texturas"/ Deriva Editores)
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