20/01/09

a poesia de valter hugo mãe

Este é o poema que escolhemos para a folha de sala da sessão da próxima quinta-feira. Será lido por Maria do Céu Ribeiro.

esplendorosa borboleta de sangue

todos os monstros têm o teu
nome, de mais ou menos bocas, grandes ou
pequenas milhares de patas, sangue jorrando ou
líquenes desfeitos, todos os monstros têm
o teu nome e por ofício perseguem-me. entram
por mim no soalheiro mundo dos
homens, usam a minha incúria

eu sou
uma esplendorosa borboleta de sangue. um
ser que voa no coração

e cada monstro virá dizer que me ama e
saberá convencer-me a suportar os seus
tentáculos, a apreciar até os beijos nos
orifícios mucosos por onde expele a
língua e será capaz de me fazer querer o
esbracejar nocturno dos seus gestos

e eu direi o teu nome e nunca me
enganarei

(valter hugo mãe, "folclore íntimo"/ Cosmorama Edições)

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