metamorfose
nós, os rapazes, dizíamos que as
raparigas eram burras e íamos pescar
ou saltar muros à cata de gatos vadios.
lentamente, o nosso corpo foi pedindo
explicações mais complexas sobre os
preconceitos infantis e as raparigas
começaram a chegar mais perto. eu
dizia-lhes que guardava um tronco de
árvore entre as pernas. elas queriam ver e
eu mostrava. a cabeça das raparigas
tornou-se um enorme fruto
a ser colhido
anos mais tarde, eu era o romeo castellucci e
caía em pó dos lugares como se
o movimento bastasse para definir a
felicidade. estar diante das raparigas e
amá-las era só a linha de um braço ou
de uma perna desenhando na luz a
minha tão sensível presença
(valter hugo mãe, "folclore íntimo"/Cosmorama Edições)
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