AQUELE QUE QUER MORRER
São chegados os tempos escandalosos
da Morte e da Inocência.
Aquele que quer saber e
apodrece de fora para dentro
dança já sobre os destroços do Futuro
com voláteis pés conceituais.
O sentido de tudo faz parte de tudo,
o Mistério não pode ser ocultado nem revelado.
Tudo o que passou
está a ser passado infinitamente
e o Futuro é a eternidade de isto
e tudo é sabido em si próprio.
(Manuel António Pina, in "Poesia Reunida")
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