Adquiri numa loja o sui generis lagarto de Gila.
Em casa observava amiúde o bicho.
Um dia lembrei-me de convidar amigos impressionáveis
para se boquiabrirem e assustarem o lagarto.
Já com os convidados a chegar
pareceu-me sentir nos olhos do animal
o querer dizer-me que não pretendia ver ninguém.
Correspondendo, escondi-o à pressa
no quarto de banho de serviço.
Os convidados, que suspeitavam ir haver uma surpresa
surpreenderam-se por não ter havido surpresa nenhuma.
Creio, porém, que consideraram o serão animado.
Eu, apesar de não o deixar transparecer
achei o convívio aborrecido.
(Daniel Maia-Pinto Rodrigues, in "Dióspiro", Quasi Edições)
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