O mais recente livro de Herberto Helder - "A faca não conta o fogo", 3.000 exemplares, Assírio & Alvim"- esgotou em poucas horas.
Para quem não teve a felicidade de o conseguir adquirir, aqui vos deixo um dos poemas que mais me fascinou:
(na morte de Mário Cesariny)
corpos visíveis,
nobilíssimos,
inseparável luz que move as coisas,
ter um inferno à mão seja qual for a língua,
toda a água é inocente e escoa-se entre as unhas,
à porta do forno crematório alguém lhe toca,
vai lá, vai que te acolham, brilha, brilha muito, brilha tanto quanto não
possas, brilha acima,
faz brilhar a mão que melhor redemoinha,
a mão mais inundada,
e ele entra sem esperança nenhuma,
só na última linha quando o coração rebenta,
reconhece quem o olha
Herberto Helder
Para quem não teve a felicidade de o conseguir adquirir, aqui vos deixo um dos poemas que mais me fascinou:
(na morte de Mário Cesariny)
corpos visíveis,
nobilíssimos,
inseparável luz que move as coisas,
ter um inferno à mão seja qual for a língua,
toda a água é inocente e escoa-se entre as unhas,
à porta do forno crematório alguém lhe toca,
vai lá, vai que te acolham, brilha, brilha muito, brilha tanto quanto não
possas, brilha acima,
faz brilhar a mão que melhor redemoinha,
a mão mais inundada,
e ele entra sem esperança nenhuma,
só na última linha quando o coração rebenta,
reconhece quem o olha
Herberto Helder
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