22/10/09

NUNO MOURA

é mais para a menina
que aquece debaixo da saia
um cavalo

vem da cor directa da fuça
o triciclo da dor

o cavalo vai pela mão
do príncipe

x - x

Um espaço e duas laranjeiras:

porque estava louco cortei
uns meses para a frente
e matei-me ontem entre as mimosas
antes de virem regar o jardim.

andaram da terra dois braços depressa
que me espetaram na cavalita do seu rosto.

com o tronco de fora
dominei o míssel horta toda.

foi a minha melhor cava de sempre.

x - x

Um poema tenrinho pode ser
quando tu morreres vou tirar a carta
ou
o mosteiro dos pulmões ataca uma barriga sem grades
e nasce uma quantidade razoável de imagens
indo da agulha de cintilo
aos dentes de um morcego beija-mão.

mas pode ser escrever chamar otários
sabrões
zarpos
garôlos
altos comissários
nas paredes para as ruas
das garagens-oficina nova era automóvel.

mas pode ser amor drógádo
síque
não presta.

mas pode ser tão difícil.

mas pode ser
liga à tua antiga madrinha-de-guerra
vai ter com ela saca-a ao marido
mexe com esta merda
pá.

(poemas de Nuno Moura)

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