06/10/09

NUNO MOURA

UMA TORRE EM VÃO


Eu vou muito suave nesta obra dos sóis
com o forno dos passos e a uretra
desmantelar a engonha dos salineiros
e a contabilidade do tacto.

De empreitada, arremessar-me fúria toira.

Eu vou muito deitado nesta voz roxa
que solta em pontilha então esbagaçe a pilha
das divisas e este tráfego do progresso
com a maleabilidade de um tira-olhos.

Pegar no soldo deste sismo e levar a impressão dos afagos.

Eu vou muito calmo neste corpo
que tu dizes ser melhor que a minha
cabeça porque um tu sentes e a outra
hás-de tomar, eu vou num grande andar.

(poema de Nuno Moura)

Sem comentários: