ALDEIA REFLECTIDA
são joão da ribeira
- queria pôr aqui este nome -
mãos que trazem a fruta ao fim da tarde
clero adro cal entusiasmo distrital
escolhe tu o país a mesa de café
contra este absurdo cósmico
eu pago um copo
lembrar-me-ei hoje de um verso pequeno?
x - x
ALDEIA DA AZINHAGA
adro campanário desolação librina
no paul da manhã dormem gatos líquen
nenhum dos velhos se alevanta da entrada da
taberna em direcção à sua Lanzarote
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ALDEIA DA PALHOTA
o nomadismo é uma sucessão de sedentarismos
até se chegar ao cão voltando à margem à mulher
que dorme negra na luz de uma árvore de abismos
vê o que vai sobrando das artes dos barcos da noite
"Avieiros" 1942 e o mais grave é que nem com a escrita
ou o cinema se pode voltar ao que já está perdido
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ALDEIA DO PATACÃO
podia falar dos tomatais do areal e do rio largos do renque
decrépito das casas em palafitas mas o que me ocorre mostrar
é a fotografia amarelada de dois amantes junto à morte
(Poemas de Miguel-Manso)
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