De Profundis
Faltam aos planos das cidades
esfinges aladas
palmas fora de tempo, matagais
pequenos acrescentos a vermelho
Faltam atlas com algum detalhe
para as emissões nocturnas
nos agudos da nossa incerteza
falta uma beleza
a olhar por nós
indiscernível, entreaberta ainda
Talvez a nós próprios falte
essa grande medida
insondáveis cordas na travessia
uma juventude que o mundo possa
documentar
os teus olhos são o que resta
dos livros sagrados
e da grande pintura perdida
(poema de José Tolentino Mendonça, in "O Viajante Sem Sono"/ Assírio & Alvim)
(fotografia : José Tolentino Mendonça - Antologia poética das Quintas de Leitura - Diga 33 - por Pat)
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