Mário Cesariny. Poeta e pintor. Expoente do surrealismo português. Figura imensa de príncipe e de gato. Abria uma janela, muitas janelas, e voava a noite toda, em direcção à Lua. Tinha a poesia na cabeça e no corpo. Nascido sob o signo do fogo, reabilitou o real quotidiano e transfigurou-o, de forma quase espiritualizada e alquímica, em metal candente, num fulgor de génio. A 26 de Novembro de 2006 o Mário atravessou o último glaciar da terra, deixando-nos uma obra resplandecente. Um navio de espelhos. Poético e pictórico.
A 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, a Medeia Filmes e o Teatro do Campo Alegre (Quintas de Leitura) prestam-lhe homenagem, com a exibição do filme AUTOGRAFIA, de Miguel Gonçalves Mendes, antecedido pela leitura de poemas.
autografia
um filme de miguel gonçalves mendes
homenagem a Mário Cesariny, no Cine-Estúdio do Teatro do Campo Alegre,
dia 21 de Março (Dia Mundial da Poesia), 22h
As Quintas de Leitura do Teatro do Campo Alegre associam-se à homenagem, seleccionando alguns poemas de Cesariny que serão lidos no início da sessão por elementos dos colectivos poéticos Caixa Geral de Despojos (Isaque Ferreira e Sandra Salomé) e LUPA (Adriana Faria e Daniela Dias Carvalho).
Sobre autografia:
Sendo este um trabalho que vive sobretudo das questões colocadas (ausentes) e das respectivas respostas, optou-se por assumir como fio condutor [o] poema “Autografia” – que servirá de mote, através da sua análise para as questões intencionadas, de modo a que o filme assuma um carácter intimista, estabelecendo-se um diálogo entre quem o vê e quem é retratado. Neste documentário / registo existem vários planos: o de análise do poema; o das respostas; o do seu trabalho (exposto na sua intimidade) e o da nossa própria interpretação; uma espécie de respigar / reciclar de citações e de conteúdos que acabam por nos permitir uma apropriação de Mário Cesariny.
Miguel Gonçalves Mendes
Cesariny abriu o quarto, os diários, as fotografias e literalmente ficou nu até onde lhe apeteceu para Autografia, o documentário de Miguel Gonçalves Mendes.
Alexandra Lucas Coelho, Público
Neste documentário feliz, que não faz do seu objecto um pretexto e humildemente lhe dá voz, é um homem livre que nos fala, 'desabraguilhado' de arrogâncias, ensinamentos e cálculos e que defenestra as peneiras próprias e alheias.
António Cabrita, Expresso
Surpreendente documentário em três actos de Miguel Gonçalves Mendes, que pretendeu “retratar”, do poeta-pintor, “a vida, o percurso e a individualidade” [...]
Elisabete França, Diário de Notícias
O realizador persegue, através das palavras e da vivência pessoal de Cesariny, a sugestão de um caminho. Ao levar o surrealista português por excelência a falar sobre os mais variados temas, Miguel Gonçalves Mendes está, também, a desenhar uma geografia de emoções, construída a partir de dois interlocutores, o mais novo que se sente enevoado, o mais velho que alumia.
Ricardo Duarte, JL
“Gostei de tudo [no filme], diz Cesariny. “O Miguel sabe o que é a poesia, sabe o que é um poeta, e sabe, talvez como poucos, transmitir isso ao cinema”.
[Mário Cesariny], Público
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