A próxima sessão do
ciclo “Quintas de Leitura” do Teatro do Campo Alegre (TCA), promovido pela Câmara Municipal do
Porto, através da Fundação Ciência e Desenvolvimento,
será o momento de dar a conhecer o resultado do “Prémio Literário Cadernos do
Campo Alegre Novo Autor, Primeiro Livro”: lançamento de “Os dias lentíssimos”
de Alexandra Monteiro.
A sessão de lançamento
deste livro de poesia, 15º da colecção Cadernos do Campo Alegre, está marcada
para a noite de 24 de Novembro, a partir das 22h00, e contará com um especial
concerto dos Dead Combo, entre várias outras participações.
Arnaldo
Saraiva apresentará a obra vencedora.
Esta
sessão marcará a estreia absoluta do coletivo “Peixe Graúdo”. Três mulheres
talentosas e desconcertantes – Marta Bernardes, Ana Celeste Ferreira e Tânia
Dinis – acompanhadas ao piano pelo indómito Ricardo Caló, irão embalar-nos,
noite fora, através de inusitados ambientes poéticos e musicais – Alexandra
Monteiro, Adília Lopes, Ana Paula Inácio, Alberto Pimenta, Alexandre O’Neill,
Abba, Queen, Aretha Franklin e Amália, entre outros.
Directamente
de S. Paulo, chega-nos a imagem de Ronaldo Miranda, que assina a capa do livro.
Participação
especial do contratenor Luís Miguel Fontes.
Na
segunda parte, momentos de fruição suprema com uma imperdível atuação de Tó
Trips e Pedro Gonçalves (Dead Combo) que aproveitarão para mostrar temas do seu
novíssimo disco “Lisboa Mulata”.
O Pelouro do
Conhecimento e da Coesão Social da Câmara Municipal do Porto apresentou, no Dia Mundial da Poesia (21 de Março), o “Prémio
Literário Cadernos do Campo Alegre Novo Autor, Primeiro Livro”, no âmbito das
“Quintas de Leitura”, a atribuir, anualmente, à melhor obra inédita de poesia
de um autor português sem qualquer obra publicada.
Festa
rija no TCA, para receber uma nova poeta.
Espetáculo para maiores de 16 anos.
Gramática do português
contemporâneo
ler
é também uma maneira de
premeditar a solidão,
um modo de aproximar a alma da
sintaxe
como se também o ser se
ordenasse
em sujeito
predicado e complemento directo.
Alexandra Malheiro
1 comentário:
a fama a e o nome do poeta
são como o tempo e o tom da tinta preta
desafiando-se para um duelo infinito
onde quanto mais um morre o outro cresce
tal como a vida nos cemitérios mais floresce
por se alimentar do mais puro e doce grito
quantos de nós não desejámos a lonjura
ou a morte trágica numa noite de loucura
para que talvez alguém louvasse este valor
que sabemos estar escondido em cada verso
e que não se exibe só por ser perverso
e apreciar a nossa angústia e a nossa dor
ah quem não quer ir às Quintas de Leitura
ter um blogue e dizer que é literatura
ter uma editora inovadora mas bem vista
quem não sonhou já ser conhecido
só para se poder tornar um evadido
e fugir de ser escritor para ser escritor artista
sim deixemos de escrever como é preceito
e pratiquemos frente ao espelho o nosso jeito
de mostrar ao mundo a tão genial maneira
de posar e de ler alto e de beber
e de conversar pelas madrugadas sem esquecer
que iremos aparecer no JL à quarta-feira
escrevamos em minúsculas sem pontuação
e façamos da vida inteira uma oração
dirigida ao próprio deus do nosso nome
façamos recitais na casa do Pessoa
para que a dor de estar escrevendo não nos doa
e para que a fama mate o tempo e mate a fome
pode ser até que inspiremos gerações
que dos versos se façam performances instalações
e tudo o mais que o tempo quer e o tempo apaga
teremos de fazer tudo aquilo que pudermos
pois outros farão aquilo que não fizermos
e é necessário mostrar ao mundo a nossa chaga
porque escrever é uma coisa incompleta
que nos atinge até à fenda mais secreta
onde escondemos com orgulho esse martírio
e porque mesmo que no sofrimento brilhe a vida
mais há-de brilhar um dia nosso verso suicida
escrito só para figurar no Poemário da Assírio
Pinto (kaervz@gmail.com)
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