12/05/10

A POESIA DE ALEXANDRE O´NEILL

O SUJA-CHAMINÉS

Da gaiola de vidro, à prova de bala,
o suja-chaminés observava a sala.

Reforçara-se muito, nos últimos meses,
a sua fé em Deus.

Não nesse que desce pela chaminé
e entretém, candidamente, a nossa fé.
Mas num Deus mais volátil,
de iconografia mais industrial,
sempre a subir ao céu por toda a eternidade.

Na gaiola de vidro, à prova de bala,
o suja-chaminés era visto da sala.

Diz-se que, afinal,
matou menos judeus do que se julgava.

(Alexandre O´Neill, in "Poesias Completas"/ Assírio & Alvim)

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