13/02/10

SEM ESPINHAS: SESSÃO CEM

TÃO POUCO

Sondar
a linguagem das trevas
dormir
na neve dos limites
atravessar
flores distraídas

Decifrar
numa pedra fria
letras a arder
entrar
em comboios remotos
no olho gigante
das estações do fim do mundo

Ser
um sinal
lançado ao acaso na noite
deixar
noutra boca
o gosto de uma ausência

Temos tão pouco tempo
tão pouco sonho
tão pouco

(poema de ERNESTO SAMPAIO. Será lido na sessão 100 por Ana Catarina)

2 comentários:

Anónimo disse...

A poesia não é voz – é uma inflexão.
Dizer, diz tudo a prosa. No verso
nada se acrescenta a nada, somente
um jeito impalpável dá figura
ao sonho da cada um, a expectativa
das formas por achar. No verso nasce
à palavra uma verdade que não acha
entre os escombros da prosa o seu caminho.
E aos homens um sentido que não há
nos gestos nem nas coisas:

voo sem pássaro dentro.

Adolfo Casais Monteiro

Recordar um poeta é uma forma de dar os parabéns, a outra forma de ser poeta, nesta data significativa.
Inês

Patrícia Campos disse...

Obrigada.