30/05/07

A POESIA DE MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA - DIA 21 DE JUNHO NAS "QUINTAS"

(foto de Artur Henriques)
Este belo poema fechará a sessão.
Chama-se FADO e será dito pela poeta convidada. A seguir, durante trinta minutos, momentos mágicos de fado com ALDINA DUARTE.


FADO

Dizem os ventos que as marés não dormem esta noite.
Estou assustada à espera que regresses: as ondas já
engoliram a praia mais pequena e entornaram algas
nos vasos da varanda. E, na cidade, conta-se que
as praças acoitaram à tarde dezenas de gaivotas
que perseguiram os pombos e os morderam.

A lareira crepita lentamente. O pão ainda está morno
à tua mesa. Mas a água já ferveu três vezes
para o caldo. E em casa a luz fraqueja, não tarda
que se apague. E tu não tardes, que eu fiz um bolo
de ervas com canela; e há compota de ameixas
e suspiros e um cobertor de lã na cama e eu

estou assustada. A lua está apenas por metade,
a terra treme. E eu tremo, com medo que não voltes.


29/05/07

Performance de Ana Borralho & João Galante a 21 de Julho



UNÍSSONO


Uníssono partilha dos mesmos processos de trabalho recorrentes nas performances de Borralho & Galante.
Interessa continuar a explorar a relação que o corpo social contemporâneo promove com o corpo biológico, colocando, agora, no centro das atenções a barreira/relação entre os performers.
Importa identificar e definir os limites do controlo sobre o próprio corpo; e da arte com os códigos que governam a sociedade.

Retrato de Ana Borralho e João Galante

Reconhecer em João Galante e Ana Borralho não tanto uma dupla de artistas mas um casal é central para a compreensão do seu trabalho. A dupla pressupõe, ou pelo menos admite, a conjugação de duas forças, enquanto neste casal essa conjugação torna-se uma só. Não é impunemente que em todos os seus trabalhos em conjunto eles nunca estejam frente a frente. O frente-a-frente, em Galante-Borralho, é o de um casal com o seu público. Mesmo em “No Body Never Mind 001”, em que o público os rodeava num círculo, Galante estava virado para uma metade do público, e Borralho para a outra. Tal como nos retratos de família, eles não se olham – eles olham-nos. Essa é uma das razões para que o feminino e o masculino, no seu trabalho, seja simultaneamente revelado e invertido. Eles não operam na dicotomia, mas no símbolo unificado. Também não se trata de um jogo de máscaras de quem-é-quem. O trabalho de Galante-Borralho não é dois-em-um, mas uma unidade separada em dois corpos. A identificação de um implica a iconografia contida no outro. Sem cara, não há coroa.

In programa do Lab 11/REAL
por Rui Catalão

11/05/07

Programador e Poeta em reunião de estratégia


Pois é. Referimo-nos ao espectáculo DIÓSPIRO, a acontecer a 5 de Julho. Trabalhando arduamente, frente ao TCA, foram apanhados em plena reunião de estratégia, com toda a antecedência. A poesia é assim. Árvores são árvores, flores são flores, dióspiros são dióspiros.

Mais pormenores:

Dióspiro
Café-Teatro
22h00

Poeta convidado: Daniel Maia-Pinto Rodrigues

O livro «Dióspiro», lançado nesta noite, dá o nome à sessão e reúne 30 anos de poesia de Daniel Maia-Pinto Rodrigues, o poeta convidado.

O mais pop dos poetas portugueses será acompanhado por uma consagrada e multifacetada artista galega – a performer e poeta Yolanda Castaño.

As leituras estarão a cargo do próprio poeta e de Filipa Leal, Pedro Lamares e Isaque Ferreira, guarda-avançada do colectivo poético Caixa Geral de Despojos.

A imagem da sessão, provocadora e surrealizante, é assinada pelo poeta João Rios.

Tempo ainda para ouvir, em estreia absoluta em Portugal, o duo austríaco composto por Agnes Heginger (voz) e Georg Breinschmid (contrabaixo) que apresentarão o projecto Tanzen. Uma noite esquisita, a não perder.

08/05/07

AS "QUINTAS DE LEITURA" VISTAS À LUPA

Tempo de balanço.

A linguagem fria e inexorável dos números.

Os quatro primeiros meses (2007) de acção poética das "Quintas":

6 espectáculos (dos quais 5 esgotados)
11 sessões (9 esgotadas)
45 artistas convidados
1.475 espectadores
98,3% taxa de ocupação de salas

A mesma certeza de sempre: "Quanto mais poético - mais verdadeiro".
Venha Sonhar connosco.

O PRÓXIMO CONVIDADO DAS "QUINTAS"


Vasco Gato é uma voz importante da novíssima poesia portuguesa. Ao lado de Daniel Jonas, Filipa Leal, Rui Coias, Rui Lage, Alexandre Nave, José Rui Teixeira e Zé Luís Costa.

Vasco Gato vai estar no próximo dia 17 de Maio, às 22h00, no Teatro do Campo Alegre, para mais uma sessão do ciclo poético "Quintas de Leitura".

Altura certa para ouvirmos alguns belos poemas do seu recentíssimo livro "Omertà". Um livro a comprar com carácter de urgência.
O poema que se segue não será lido na sessão. Enfim, somos bons, mas não somos perfeitos.

Lou, somos dois continentes a boiar num tanque de pedra. O próprio espaço se agita com as nossas colisões. E no fundo da terra, como no fundo do mar, como no fundo das horas que caem, o nosso sinal é esta margem sem palavras, este cordão que atravessa simultaneamente a boca e a cintura dos animais - porque nós somos, Lou, o cofre e o improviso que o levanta, dois poços a darem eco da mesma água.