04/12/09

MAIS UM POEMA DE VASCO GATO

Vi árvores de cera arder num peito descoberto.
A luz precipitada na paisagem, devorada
pelos olhos até celularmente
o corpo
se acender.


Então, a sombra. Que é um desenho.
Que é um prestígio do movimento.


Quero explicar a FOME. Quando a chama
se extingue e sobram flores de cera,
frias,
para dedos cegos - então a carne
é essa paisagem que evolui.


Roupa estendida em noites de navios.
Uma bússola a morder
a boca que tudo perde.
Vento, vento quase mero espaço,
a intriga de duas paredes.


15 mil cães numa cidade.

(poema de VASCO GATO, in "Omertà"/ Edições Quasi)

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