havia
árvores e inclinações de bichos
machos e fêmeas
minúsculas pegadas a digitalizar
a lua na terra
havia
as aparas do Cristo dos domingos
levadas à boca mais que as meninas
ancoradas na geografia inexpugnável
do braço das mães
havia
cigarros colados na varanda do rosto
uma colmeia para guardar afagos
antes do uivo e da intriga de duas sílabas
sem fôlego
emudeceram o galope absoluto de um irmão
x - x
o sol é um câncer sem barcos a coreografar
nas mansardas da cidade a impaciência de um rosto
sitiado pelo espólio de uma gramática de angústia
nenhuma voz o resgata nenhuma lágrima o ostraciza
nas amplas galerias do seu nome esquece a rebentação
de outros nomes e que o tempo é uma fábrica de doenças
a contabilizar os seus dias
(dois poemas de João Rios)
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