“Casas Kitadas”
As "Quintas de Leitura", ciclo poético organizado pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Ciência e Desenvolvimento, prossegue o seu curso imparável com uma sessão verdadeiramente esquisita intitulada "Casas Kitadas". Uma noite estranha, rara, requintada e invulgar ao serviço da Palavra.
O evento realiza-se no dia 27 de Maio, às 22h00, no Auditório do Teatro do Campo Alegre.
Anunciam-se duas horas de intenso espectáculo, divididas por quatro momentos distintos. Não faltará a poesia, a música, o canto lírico, a performance e até o sapateado.
O geógrafo (e performer) Álvaro Domingues abre as hostilidades. Vai falar-nos de "Casas Kitadas". E explica:
"Enganam-se os que pensam que uma casa serve só para habitação, ou que é o domínio do privado e da vida familiar. Uma Casa Kitada na Rua da Estrada é muito mais do que um lar; é um desassossego, uma arquitectura instável buscando uma solução para adequar um edifício a outra função para a qual não foi pensado - um café no rés-do-chão ou uma esplanada no jardim, o que seja. Só se estranha o que não se consegue explicar."
A conferência de Álvaro Domingues será abrilhantada pela interacção da cantora lírica Mónica Lacerda Pais. Momento sublime, a não perder.
O momento de poesia será assegurado pelo colectivo poético "O Copo". Poesia de entretenimento científico. Nuno Moura e Paulo Condessa lerão textos de Alexandre O'Neill, numa actuação intitulada "Ó 'Neill, tás bué baril?". São textos do dito, assim ditos sem correctamente nem politicamente. Imprevisibilidade q.b. tal qual o próprio O`Neill, isto é, poesia quente e fria.
Falando de música, estreia absoluta no Porto e nas "Quintas" da banda "GUTA NAKI". Vencedores do último Restart Resound Fest, de onde saíram nomes como "Os Pontos Negros" e "Lobster" em edições anteriores, os "Guta Naki" apresentam-nos canções de corpo inteiro. Uma voz ampla capaz de abarcar o céu e o inferno num só fôlego, numa lírica cuidada. Um trio (Cátia Pereira, Dinis Lapa e Nuno Palma) aparentemente inofensivo que, depois de ligado à corrente, se transfigura, envolvendo-nos numa catártica viagem que se quer interminável.
Por fim, um regresso muito esperado nas "Quintas": Cristina Delius, artista de sapateado contemporâneo.
Cristina, um dos nomes mais importantes do sapateado europeu, a residir há muitos anos em Berlim, faz-se acompanhar, desta feita, pela sua banda "Tripeco", constituída por Silvia Ocougne (guitarra), Johannes Gunkel (contrabaixo) e Beatriz Serrão (percussão). Promete-se ao espectador uma viagem percussiva através da música dos mundos. Emoção, improvisação, virtuosismo. Uma aventura acústica e visual, com a marca das "Quintas de Leitura".
João Gesta, o programador do ciclo, remata, com um conselho amigo:
“Seja um dos 250 espectadores privilegiados que poderão, no dia seguinte, contar esta noite esquisita aos seus amigos. Noite única, irrepetível. Salte para o nosso lado da barricada”.
2 comentários:
Boa apresentação da Quinta, apenas um senão é Cristina Delius e TRIPECO e não Tripecos!
Sim, tem razão. Uma gralha que já está devidamente rectificada. Obrigada.
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